Eleições americanas: o que muda numa presidência de Joe Biden

Eleições americanas: o que muda numa presidência de Joe Biden

Joe Biden derrotou Donald Trump na disputa pela Casa Branca e será o novo presidente dos Estados Unidos. Durante debates e discursos de campanha, Biden se posicionou sobre vários desses temas e, inclusive, registrou algumas propostas de como pretende lidar com eles. Confira abaixo as visões do candidato democrata sobre sete pontos chave para o mandato:

1. Meio ambiente

Segundo os especialistas, essa é uma das áreas em que Biden teria a maior divergência em relação ao seu antecessor. O candidato já afirmou que vai recolocar os Estados Unidos no Acordo de Paris, que estipula a redução de 28% na emissão de gases do efeito estufa até 2025.

O atual presidente Donald Trump retirou o país do acordo em junho de 2017, com o argumento de que gostaria de renegociar as metas e os objetivos de uma maneira que fosse “mais justa ao país, às empresas, aos trabalhadores e aos pagadores de impostos”.

 

2. Imigração

Esse é um tópico em que os dois candidatos se aproximam bastante. “Durante o governo de Barack Obama, em que Biden era vice, havia uma política bem dura com os imigrantes internacionais, com número recorde de deportações”, observa Lopes. De acordo com o especialista, não deve acontecer uma grande flexibilização dessas leis a partir de 2021.

O candidato democrata, no entanto, teceu duras críticas aos casos relatados na imprensa ao longo dos últimos anos, em que mães e filhos imigrantes foram separados e mantidos retidos em condições nada ideais na região da fronteira com o México.

 

3. Covid-19 e saúde pública

“As projeções até os meses de abril e maio indicavam uma reeleição do atual presidente. Mas ele cometeu equívocos grosseiros, que culminaram na morte de milhares de norte-americanos”, analisa Lopes, professor de política internacional da Universidade Federal de Minas Gerais.

Biden terá que agir rápido para lançar mão de novas medidas de contenção do coronavírus pelo país. Seu estafe prevê um amplo programa de testagem e a contratação de 100 mil profissionais para criar um programa de rastreamento de casos.

O democrata também sempre se mostrou muito mais aberto que o seu adversário a dialogar com agências e órgãos internacionais, como a própria Organização Mundial da Saúde (OMS)

Biden também deve retomar e reforçar o Obamacare, o programa que amplia o acesso de parte da população aos serviços de saúde pública desenvolvido durante o governo Obama. Donald Trump sempre foi um crítico contumaz e estabeleceu várias medidas para frear essas políticas.

 

4. Economia

De maneira geral, Biden propõe injetar dinheiro na economia, principalmente no desenvolvimento de novas tecnologias sustentáveis. O democrata também se comprometeu a preservar pequenos negócios e aumentar o salário-mínimo e outros benefícios aos quais os trabalhadores têm direito.

Uma ideia que aproxima Biden e Trump é a valorização da indústria americana. O ex-vice-presidente é adepto da ideia de investir e incentivar a compra de produtos, serviços e tecnologias feitas em solo estadunidense

 

6. Relações com o Brasil

Segundo o especialista, por mais que nosso país tenha obtido um avanço em alguns pontos (como uma vaga na OCDE, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), esses ganhos não foram relevantes quando pensamos no relacionamento bilateral entre as duas nações.

 

7. Relações com a China

Biden e Trump parecem concordar que os Estados Unidos precisam conter o avanço do país asiático. “Isso se tornou um consenso entre democratas e republicanos e não há muita distinção entre o que os dois candidatos propõem para lidar com a China”, pensa Lopes.

A principal diferença está na estratégia que cada um deles adotaria para competir na disputa geopolítica e econômica internacional com o seu principal concorrente. Trump adota uma postura solitária, de a América lidar sozinha com esse desafio, enquanto Biden deve buscar conter a China com acordos multilaterais e aliados na Europa e em outras partes do mundo”.

A disputa pelo 5G, a plataforma de transmissão de dados e comunicação digital que será adotada por cada país já é e poderá se tornar um dos campos mais intensos dessa batalha.

O que esperar dos próximos anos?

Apesar das expectativas de novos estímulos, alguns setores podem ser mais sensíveis a uma vitória do Biden. Entre as promessas de campanha de Biden estão a de construir uma economia mais verde, expandir a assistência médica apoiada pelo governo e aumentar os impostos sobre as empresas e podendo dar continuidade ao trabalho de Obama como a Regra Buffet, trabalhando em cima da desigualdade do sistema tributário do país que propõe um imposto mínimo de 30% para qualquer pessoa que ganhe pelo menos US$ 1 milhão por ano, mas da parte de Biden ele diz que aumentará os impostos sobre as famílias que ganham US$ 400 mil por ano ou mais.

As empresas de petróleo tinham um forte apoiador na Casa Branca nos últimos três anos. Isso mudaria com Biden pois significaria uma mudança de sentimento em relação aos investimentos em energia. Pode-se esperar que qualquer tentativa de afastar a produção e o consumo de energia dos combustíveis fósseis acabará criando mais incentivos do que cortes, limitando os danos relacionados às políticas aos mercados.

As grandes empresas de tecnologia têm sido um grande terror para democratas e republicanos nos últimos anos devido aos escândalos de vazamentos de dados. Biden promete ter uma política tributária mais rígida ameaçando os ganhos reais de uma empresa real, dado seu plano de garantir que nenhuma grande empresa fuja sem pagar impostos de pelo menos 15%. Biden também pode não se opor fortemente a novos impostos sobre as grandes corporações prestadoras de serviços digitais como Google e Amazon.