Nota de R$ 200: causa ou consequência da inflação?

Nota de R$ 200: causa ou consequência da inflação?

O lançamento da nota de R$ 200 foi anunciado pelo Banco Central na última quarta-feira (29) gerando bastante repercussão. A tiragem será de 450 milhões de unidades de cédulas – o equivalente a R$90 bilhões.

Por que houve um alarde tão grande depois do anúncio? Para o economista Fábio Terra, professor de economia da Universidade Federal do ABC, parte da explicação está na surpresa, já que não havia notícias de que o Banco Central estudava lançar a nova nota.

“A nota com valor muito alto pode trazer para a memória coletiva o susto de que o dinheiro está perdendo valor”, disse Terra, que é pós-doutor pela Universidade de Cambridge.

Para a política monetária, a expectativa é importante, mas os economistas apontam que o Brasil está bem longe de voltar a ver inflação alta. Muito pelo contrário. Com a economia em retração, a expectativa é que a inflação fique abaixo dos 2% neste ano.

 

Por que o BC decidiu criar a nota de R$ 200?

Um dos motivos para o aumento da demanda por cédulas é o que o Banco Central chama de entesouramento, que é o dinheiro guardado em casa.

Em março, a quantidade de dinheiro vivo com a população era de aproximadamente R$ 216 bilhões, segundo o Banco Central. A partir desse momento, esse montante começou a subir rapidamente e hoje está em R$ 277 bilhões.

O Banco Central diz que a decisão, aprovada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), foi tomada para “atender ao aumento da demanda por dinheiro em espécie que se verificou durante a pandemia de covid-19”.

 

A pandemia e um tal de “entesouramento”

Em uma coletiva de imprensa, a Diretora de Administração do Banco Central, Carolina de Assis Barros, explicou o contexto para a decisão de criar a nota de R$200. Segundo ela, o Brasil e o mundo observaram um entesouramento desde que a pandemia começou – pessoas guardando mais dinheiro físico.

“Em momentos de incerteza, as pessoas tendem a fazer saques e acumular reserva”, afirmou a diretora. “As casas impressoras de dinheiro foram desafiadas a produzir um maior volume em uma menor quantidade de tempo. É desafiador, porque há limitações fabris, de insumo e de produção das máquinas.”

 

O fantasma da inflação

Houve quem dissesse que o mesmo fenômeno que fez as notas de R$ 1 e as moedas de um centavo pararem de ser emitidas agora faz surgir a nota de R$ 200. Muita gente relembrou os tempos de hiperinflação, quando o governo precisava consistentemente passar a emitir notas de valores de face mais altos porque o dinheiro perdia o valor muito rapidamente. Pipocaram nas redes fotos de notas de cruzeiros e cruzados. Houve até quem dissesse que a nota de R$ 200 causaria inflação (!).

Desde o lançamento do Real em 1º de julho de 1994, acumulamos uma inflação, medida pelo IPCA, de 521%. Isso significa que R$ 100 em 1994 valem hoje R$ 621.

É claro que uma nota de R$ 100 em 1994 comprava mais do que uma nota de R$ 100 compra hoje. Mas atualmente ainda se tem dificuldade de trocar as cédulas de R$ 100 nas transações comuns.

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